Lixo para além do refugo, nós e os outros

Pensar o potencial do lixo contemporâneo ou de um passado recente como objeto de estudo à luz das ferramentas de pesquisa arqueológica, antropológica e histórica, em diálogo com as artes visuais, os estudos sobre memória e oralidade, o consumo, entre outros. A possibilidade de se refletir sobre vestígios em estado de abandono (lixo), as próprias noções de abandono, para responder questões prementes sobre práticas de consumo e descarte na sociedade capitalista contemporânea (a exemplo dos trabalhos de William Ratjhe); para repensar e adaptar práticas e estratégias de campo, ao observar refugos e seus processos formativos, que por serem muito recentes são muito visíveis (como ajuda pensar André Andrade sobre a Arqueologia do Lixo); para refletir sobre questões sobre ética e patrimônio acerca de vestígios que não são formalmente considerados bens ou patrimônios arqueológicos, e, portanto, não estão protegidos pela lei, mas que se aproximam da sociedade atual, por vezes associados a passados sensíveis ou mesmo muito próximos à grupos contemporâneos (à luz de trabalhos como de Márcia Bezerra e de Mariana Cabral). Por outro lado, para promover essa aproximação e diálogo com a sociedade, experimentar formas de produção e comunicação do conhecimento a partir de práticas interdisciplinares e intersaberes, experimentadas em espaços públicos (tais como museus e áreas verdes urbanas, por exemplo), bem como o uso de amostras coletadas de materiais geralmente desprezados por pesquisadores (como entulho e material construtivo) na montagem de instalações artísticas e exposições a serem trabalhadas em oficinas abertas ao público em geral (Inspirada pelos trabalhos de Isabela Frade).