Patrimônio, Educação e Narrativas
Refletir sobre o amplo leque de trabalhos sobre e com a Cultura Material na sua dimensão patrimonial e de criação autoral em relação aos processos e aos sujeitos envolvidos, enfatizando a necessidade de pensarmos formas de comunicação, construção e difusão do conhecimento científico-acadêmico, bem como a produção de outros domínios de conhecimento a partir de práticas interdisciplinares e intersaberes, experimentadas em espaços públicos (tais como museus e áreas verdes urbanas, por exemplo). A promoção de cursos, oficinas, produções de narrativas textuais e produções expográficas de diferentes naturezas permite refletir teoricamente sobre processos de construção de narrativas, bem como pensar em diferentes formas/produtos através dos quais o conhecimento pode ser produzido e compartilhado. Especialmente em como comunicar através do uso das coisas e da sua relação com o espaço e os sujeitos sociais; bem como em como criar textos a partir delas e dessa relação.
O trabalho de campo (em espaços públicos) interdisciplinar permite vislumbrar como diferentes áreas do conhecimento em diálogo podem oferecer um olhar diverso e criativo. O leque de empirias e saberes dinamizado durante o trabalho em diferentes espaços também pode ser pensado do ponto de vista do papel institucional da universidade como possibilidade de integrar a pesquisa, o ensino e a extensão. Nesse sentido, espaços públicos são excelentes campos para esses encontros e aprendizados, inclusive como extensão da sala de aula, onde bens patrimoniais, sejam coisas/objetos sejam as próprias paisagens/espaços são engendrados.
A prática de uma “Pesquisa em Ação” permite, como ressalta Danilo R. Streck, o aprofundamento da importância e da definição de contexto em uma pesquisa e a instrumentalização de ferramentas de análise para sistematização e organização de saberes de determinada localidade, por estar em “um lugar estratégico para ‘movimentar’ os saberes em diferentes áreas e esferas”. Com especial atenção às reflexões de Georges Didi-Huberman para as potencialidades da forma-imagem – aqui construída a partir de vestígios coletados e transformados em narrativas materiais-visuais – construindo uma relação com diferentes interlocutores, passados e memórias.